
Olá! Seja Bem-vinda, seja bem-vindo.
O tema desse post é um dos pontos que considero mais importantes para quem é iniciante, embora seja também um assunto “nebuloso” para muitos meditadores com mais horas de prática.
Apesar de já ter sido abordado em outros posts, gostaria de agora aprofundar mais, principalmente para compreender seu desdobramento sobre nosso comportamento crítico/julgador, tema do próximo post.
O tópico “Meditação”, para quem desconhece o assunto, frequentemente gera um enorme preconceito.
Todos já tem uma opinião e uma imagem, ambas bastante estereotipadas – quando não deformadas – sobre praticamente tudo a respeito: o perfil típico de seus praticantes, a sua personalidade, se a pessoa que pratica leva jeito ou tem o “dom”…
Existe uma ideia que para meditar é preciso, antes de qualquer coisa, ter uma paciência infinita para suportar um longo período de aprendizado até “o momento mágico”, quando se imagina haverá um acontecimento apoteótico e místico, como um rito de passagem, que levará a uma revelação de como alcançar a iluminação, um privilégio disponível apenas para um pequeno punhado de predestinados que suportaram uma longa jornada de privações e sofrimentos.
Vamos nos colocar no lugar de uma pessoa que não tem nenhum conhecimento sobre meditação, mas que leu em algum lugar sobre seus benefícios e tem interesse em começar a praticar.
Invariavelmente essa pessoa tem uma amiga, ou um conhecido, que uma vez conheceu uma pessoa, “- alguém assim, meio mística, que é vegetariana e curte esse lance de cristais e de energia”, que viajou para a Índia, ou teria sido o Tibete?, e que lá aprendeu a meditar.
“– Ela disse que o jeito certo é sentar no chão, com as pernas cruzadas e em posição de lótus. Dobra mais essa perna e encaixe o pé sobre esse joelho.
Vai! Segura essa perna aí! Não deixe os pés caírem! E mantenha sua coluna ereta!
– Agora preste atenção na sua respiração! O ar entra…barriga pra fora. Não! Quero dizer barriga pra dentro. O ar sai… barriga pra fora…
– Mantenha a atenção na respiração! Esqueça o desconforto! Esvazie a sua mente! Não pense em nada!”
Ironias e exageros à parte, qual é a real probabilidade dessa pessoa, que nunca antes havia meditado, nunca ouvira falar em posição de lótus, que se for como a grande maioria da população não pratica esporte ou alguma atividade física, conseguir ignorar o desconforto da sua posição, ignorar a dor nas costas e conseguir prender sua atenção na respiração?
Que benefício ela poderá ter tido dessa experiência?
Qual a probabilidade dessa pessoa se interessar em fazer uma nova sessão de meditação?
Entendo que, partindo do marco zero de uma jornada de aprendizado para um iniciante, precisamos priorizar suas experiências iniciais para o que é mais importante, onde os benefícios podem ser rapidamente percebidos e seu interesse em se aprofundar na prática sejam constantemente incentivados e renovados.
Assim, fazendo um apanhado rápido do que vimos até agora, o primeiro passo é desacelerar nossa mente e mudarmos nossa atitude mental para o modo observador. Para isso, buscamos por um espaço físico exclusivo para nossa prática e que seja preferencialmente ao ar livre, naturalmente rico em detalhes e recursos para “ambientar nossa meditação”.
O segundo passo é estar absolutamente confortável. Fica a critério de cada um escolher uma posição que possa ser mantida por algum tempo sem trazer desconforto e desviar a atenção.
Uma vez confortavelmente posicionado, é preciso encontrar um objeto para direcionar a atenção.
Pode ser na sua respiração, na entrada e saída do ar pelas suas narinas, no movimento da sua barriga… Pode ser aos sons dos pássaros ou do vento nas folhagens das árvores próximas ou observando a chama de uma vela acesa. Pode-se focar também nossa atenção quando no momento de uma refeição – e a todos os sentidos envolvidos nessa experiência.
Pode-se até mesmo utilizar como objeto de atenção tarefas simples do dia-a-dia, como lavar a louça.
O objetivo é, instante a instante, observar! E apenas isso.
Nesse momento é normal os iniciantes, ao se depararem com a dificuldade em manter sua atenção diante da divagação de suas mentes, se indagarem sobre estar fazendo a coisa certa ou se a experiência que estão vivendo realmente ser a que deveriam experimentar.
E a resposta é muito mais simples do que muitos esperam:
Se você está consciente do que está acontecendo, se percebe que sua mente divagou em pensamentos e desviou sua atenção, está tudo certo!
Tudo acontecendo como deveria ser… Apenas retome sua atenção.
Sempre de maneira paciente e carinhosa.
Para muitos, ainda tomados pelos preconceitos descritos anteriormente, essa resposta pode ser meio decepcionante. Afinal, essa não parece ser exatamente uma experiência “meditativa”, nenhum insite ocorreu ou uma resposta original para muitos dos pensamentos que passaram pela nossa cabeça durante a tentativa de estar atento surgiu espontaneamente.
Na verdade, a primeira coisa que aprendemos quando meditamos é como estamos inconscientes diante da nossa capacidade de manter algum controle sobre nossa mente.
Aprendemos também como conhecemos muito pouco sobre nossa mente – e sobre nós mesmos. E esse é o objetivo: Estar consciente que não devemos confiar integralmente na nossa mente e como precisamos estar atentos, em todos os momentos do nosso dia, aos detalhes que não vemos.
Por isso, estar atento e consciente que nos distraímos é algo muito importante e um feito que deve sim ser comemorado!
Agora, o que faremos a partir de então e qual postura teremos diante dessa experiência é o que realmente importa – e o que definirá a qualidade da nossa meditação. E esse é o tema do nosso próximo post.
Até lá!
Seja Feliz,
Namastê




Deixe um comentário